sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Nem tudo são flores, ou água!

Todos já estão sabendo do desastre ambiental ocorrido na nossa região, no Rio Paraíba do Sul.
O causador dessa desgraça, DESTA VEZ NÃO FOI A CSN, sério! Dessa vez o buraco foi "mais em cima"!
Lá pras bandas de Resende, uma empresa que nunca se ouviu falar, por sua importância mínima no mercado e participação da vida das pessoas (empregos, responsabilidade social, etc), chamada Servatis. SERVATIS?
Sim, não conhece? Nem eu! Mas aqui vai a apresentação da empresa no seu prórpio site:
"Somos uma empresa brasileira, sediada em Resende/RJ, no complexo industrial existente desde a década de 50 como Cyanamid e posteriormente adquirido pela BASF S.A. Prestamos serviços para os segmentos de especialidades químicas e agro-químicos, incluindo sínteses e formulações. Na área ambiental, prestamos serviços de incineração de resíduos químicos líquidos, tratamento de efluentes e recuperação de solventes industriais. Na área laboratorial, prestamos serviços de análises físico-químicas para registros, com certificações BPL, REBLAS

O desastre ocorreu por causa, segundo a própria empresa, de uma "conexão mal feita em um caminhão tanque". Sabe o que "escapoliu" nessa conexão mal feita?

"Causador da poluição no Rio Paraíba, o endosulfan é um dos mais fortes venenos já fabricados pelo homem. De acordo com a empresa Milenia Agro Negócios S.A., o endosulfan é um líquido amarelo inflamável e considerado tóxico e prejudicial ao meio ambiente. Quando ingerido, o produto atua como um potente estimulador do Sistema Nervoso Central (SNC), e causa sintomas como vômito, diarréia, agitação, tremor, convulsões, perda de consciência e cianose (coloração azul-arroxeada da pele). 
O contato com o produto pode causar irritação na pele e nos olhos. Em casos mais graves foram relatados problemas respiratórios, coma e morte. Quando entra em contato com o fogo, o endosulfan libera um gás tóxico e irritante, que pode se tornar asfixiante.
Em casos de ingestão do produto, a Milenia recomenda que o paciente fique em lugar arejado e que haja pouco contato com pessoas não afetadas para que a contaminação não se propague.

Proibição 

Devido ao risco que o endosulfan representa para os seres vivos, o produto já é proibido em alguns países, como Camboja, Filipinas e os países da União Européia. Durante 26 anos, a estatal Plantation Corporation de Kerala, na Índia, usava o endosulfan para realizar sobre as plantações de seu domínio um processo de pulverização, ou seja, um tipo de aplicação do pesticida via irrigação aérea. Este processo fazia com que algumas partículas do produto se espalhassem pelo ar nos redores do local.
Hoje, a maioria das pessoas que morava por perto da plantação está seriamente doente e, algumas, até paralíticas. Apesar disso, o produto só está proibido em algumas cidades do país, o que faz com que o risco para a saúde das pessoas continue."



O endosulfan proporcionou a MAIOR TRAGÉDIA AMBIENTAL da região, pois já afetou as cidades de Quatis, Porto Real, Barra Mansa e Volta Redonda, e em todas essas cidades, abastacidas pelas águas do Paraíba, houve paralização na captação, e bairros ficaram sem água.
Mas esse não foi o pior, querem saber o que mais dói em toda a população é isso aqui:


Desastre ecológico: Grande quantidade de peixes 
mortos é vista por toda a margem do Rio Paraíba que corta a região


"Volta Redonda

A grande quantidade de peixes mortos no Rio Paraíba do Sul atraiu ontem a atenção de centenas de moradores do Sul Fluminense. Ao longo do dia as pontes e margens do rio permaneceram lotadas de pessoas que estavam chocadas com o ocorrido. 
No bairro Retiro, em Volta Redonda, por exemplo, as pessoas que caminhavam pelo calçadão da Avenida Almirante Adalberto de Barros Nunes (Beira Rio) ficaram desoladas quando se depararam com a imagem dos animais mortos e com o forte mau-cheiro exalado pelas águas do Paraíba. Até uma capivara foi vista boiando morta no rio.
O motorista Edílson Maia de Caíres, de 50 anos, disse que é preciso que os órgãos competentes tomem uma atitude drástica em relação à empresa que provocou o vazamento do produto tóxico no rio. “É uma calamidade o que aconteceu. Acho que até o Ministério do Meio Ambiente devia intervir para punir a empresa responsável pelo acidente”, disse o motorista. 
O presidente da Associação de Moradores do Retiro e presidente-fundador do projeto “Eco Óleo”, Wanderley Dias de Moura, está chocado com o impacto ambiental causado pelo acidente. “É um fato lamentável, uma irresponsabilidade muito grande de uma empresa deixar acontecer isso, quando há tantos voluntários que trabalham pela preservação ambiental”, disse. 
- Não sei ainda o que posso fazer, mas acredito que as entidades que defendem o meio ambiente devem se mobilizar e se unir para pedir uma punição rígida dos culpados, para que isso não aconteça mais - frisou. 
A dona de casa Vera Lúcia Rocha de Araújo, de 59 anos, moradora no bairro Aero Clube, diz que costumava comer peixes do rio. “É uma tristeza, este produto matou todos os peixes do rio. Já comi muita tilápia que meu filho pescava, mas agora não vamos mais ter peixes para comer. Esta empresa tem que ser fechada”, disse. 
O industriário Marcos Antônio da Silva, de 48 anos, está com medo de consumir a água e passou a manhã em uma mina no bairro Sessenta. “Estamos com medo do que contaminou o rio. Na minha casa estamos consumindo só água da mina”, contou. 
O medo da população em consumir a água captada no Rio Paraíba do Sul fez crescer a compra de galões de água mineral. O gerente de um depósito de gás e água, Maximiliano Rocha Fonseca, por exemplo, disse que a procura aumentou mais de 50%. “O entregador não pára mais no depósito, e a cada saída leva três galões”, disse. 

Em BM, até crianças lamentam 

Em Barra Mansa, na margem do rio, na altura do bairro Várzea das Oficinas, ponto de encontro de canoeiros, mais de 30 pessoas ficaram observando a situação. “Nunca vi nada assim na minha vida. Não consigo acreditar e temo pelo trabalho dos pescadores, que são muitos, e pela falta de água potável”, comentou a vendedora Eliane Alves da Silva, 32 anos. 
Outra moradora do bairro também afirmou estar com medo. “É muito triste ver isso tudo. E a nossa vida vira de cabeça pra baixo. Temos que comprar água pra tudo. Não adianta nem economizar, já que a água está tão contaminada”, afirmou.
As crianças demonstravam muita tristeza ao comentar a situação. “Eu estou assustado de ver isso aqui. Dá medo de não ter mais água e peixe”, disse o estudante Thiago Faria, 10 anos."

Segundo a FEEMA, a multa pode chegar a 50 mijones! 
 
Mas algum dinheiro irá para os bolsos daqueles que vivem da pesca no rio? Como o Sr. Sérgio Santos, na foto abaixo? Olhem o tamanho do peixe morto que ele pegou boiando entre milhares de outros!



"Um dos maiores conhecedores do trecho do Rio Paraíba que corta a região, o presidente da Associação dos Canoeiros de Barra Mansa, Sérgio Santos, passou o dia às margens do rio. Com 55 anos de idade e 48 de pesca, ele afirma que nunca presenciou algo tão grave. “Somente em 1978 vi algo parecido, também provocado por uma indústria. Mas desta vez é muito triste. Provavelmente, o meio ambiente levará anos para se recuperar”, lamentou ele, segurando dois peixes de 5,5 quilos que tinha acabado de retirar das águas e apontando espécies raras que passavam boiando pelas águas, como dourado.
Santos ressaltou que até espécies resistentes e do fundo do rio passam em grandes quantidades boiando. “Já vi até cascudo passando e outros peixes com mais de cinco quilos. É uma coisa horrível. E toda a flora e fauna também serão prejudicadas. O meio ambiente por aqui vai ficar um bom tempo sem harmonia”, disse ele, lembrando que já avisou por diversas vezes as autoridades públicas. “Aviso desses perigos há anos. Uma vez tirei um peixe azul nas proximidades do Sesc, mas ninguém dá muita atenção”, comentou o canoeiro.
Outra grande preocupação, além da falta de água potável e o meio ambiente, é o futuro de quem vive da pesca. Sérgio Santos prevê que a situação pode deixar os pescadores sem trabalho por muito tempo. “Se a situação ficar muito tempo assim, não teremos mais peixes por aqui. O meio ambiente vai levar um tempo para se recuperar e nós teremos prejuízos”, disse."

As conseqüências do desrespeito ao Rio Paraíba do Sul estão aí, e o alerta foi dado!
Se você, morador da região ou de qualquer lugar abastecido pelo rio, inclusive 85% da Baixada Fluminense, tem água em casa, deve entrar nessa luta, pela preservação do nosso estimado Paraíba, e mais uma vez eu digo, NÃO FOI CULPA DA CSN, pelo menos desta vez!

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