sexta-feira, 21 de novembro de 2008
"O negócio nosso é matar gente safaaada!"
Nem tudo são flores, ou água!
O contato com o produto pode causar irritação na pele e nos olhos. Em casos mais graves foram relatados problemas respiratórios, coma e morte. Quando entra em contato com o fogo, o endosulfan libera um gás tóxico e irritante, que pode se tornar asfixiante.
Em casos de ingestão do produto, a Milenia recomenda que o paciente fique em lugar arejado e que haja pouco contato com pessoas não afetadas para que a contaminação não se propague.
Proibição
Devido ao risco que o endosulfan representa para os seres vivos, o produto já é proibido em alguns países, como Camboja, Filipinas e os países da União Européia. Durante 26 anos, a estatal Plantation Corporation de Kerala, na Índia, usava o endosulfan para realizar sobre as plantações de seu domínio um processo de pulverização, ou seja, um tipo de aplicação do pesticida via irrigação aérea. Este processo fazia com que algumas partículas do produto se espalhassem pelo ar nos redores do local.
Hoje, a maioria das pessoas que morava por perto da plantação está seriamente doente e, algumas, até paralíticas. Apesar disso, o produto só está proibido em algumas cidades do país, o que faz com que o risco para a saúde das pessoas continue."
mortos é vista por toda a margem do Rio Paraíba que corta a região
A grande quantidade de peixes mortos no Rio Paraíba do Sul atraiu ontem a atenção de centenas de moradores do Sul Fluminense. Ao longo do dia as pontes e margens do rio permaneceram lotadas de pessoas que estavam chocadas com o ocorrido.
No bairro Retiro, em Volta Redonda, por exemplo, as pessoas que caminhavam pelo calçadão da Avenida Almirante Adalberto de Barros Nunes (Beira Rio) ficaram desoladas quando se depararam com a imagem dos animais mortos e com o forte mau-cheiro exalado pelas águas do Paraíba. Até uma capivara foi vista boiando morta no rio.
O motorista Edílson Maia de Caíres, de 50 anos, disse que é preciso que os órgãos competentes tomem uma atitude drástica em relação à empresa que provocou o vazamento do produto tóxico no rio. “É uma calamidade o que aconteceu. Acho que até o Ministério do Meio Ambiente devia intervir para punir a empresa responsável pelo acidente”, disse o motorista.
O presidente da Associação de Moradores do Retiro e presidente-fundador do projeto “Eco Óleo”, Wanderley Dias de Moura, está chocado com o impacto ambiental causado pelo acidente. “É um fato lamentável, uma irresponsabilidade muito grande de uma empresa deixar acontecer isso, quando há tantos voluntários que trabalham pela preservação ambiental”, disse.
- Não sei ainda o que posso fazer, mas acredito que as entidades que defendem o meio ambiente devem se mobilizar e se unir para pedir uma punição rígida dos culpados, para que isso não aconteça mais - frisou.
A dona de casa Vera Lúcia Rocha de Araújo, de 59 anos, moradora no bairro Aero Clube, diz que costumava comer peixes do rio. “É uma tristeza, este produto matou todos os peixes do rio. Já comi muita tilápia que meu filho pescava, mas agora não vamos mais ter peixes para comer. Esta empresa tem que ser fechada”, disse.
O industriário Marcos Antônio da Silva, de 48 anos, está com medo de consumir a água e passou a manhã em uma mina no bairro Sessenta. “Estamos com medo do que contaminou o rio. Na minha casa estamos consumindo só água da mina”, contou.
O medo da população em consumir a água captada no Rio Paraíba do Sul fez crescer a compra de galões de água mineral. O gerente de um depósito de gás e água, Maximiliano Rocha Fonseca, por exemplo, disse que a procura aumentou mais de 50%. “O entregador não pára mais no depósito, e a cada saída leva três galões”, disse.
Em BM, até crianças lamentam
Em Barra Mansa, na margem do rio, na altura do bairro Várzea das Oficinas, ponto de encontro de canoeiros, mais de 30 pessoas ficaram observando a situação. “Nunca vi nada assim na minha vida. Não consigo acreditar e temo pelo trabalho dos pescadores, que são muitos, e pela falta de água potável”, comentou a vendedora Eliane Alves da Silva, 32 anos.
Outra moradora do bairro também afirmou estar com medo. “É muito triste ver isso tudo. E a nossa vida vira de cabeça pra baixo. Temos que comprar água pra tudo. Não adianta nem economizar, já que a água está tão contaminada”, afirmou.
As crianças demonstravam muita tristeza ao comentar a situação. “Eu estou assustado de ver isso aqui. Dá medo de não ter mais água e peixe”, disse o estudante Thiago Faria, 10 anos."
Outra grande preocupação, além da falta de água potável e o meio ambiente, é o futuro de quem vive da pesca. Sérgio Santos prevê que a situação pode deixar os pescadores sem trabalho por muito tempo. “Se a situação ficar muito tempo assim, não teremos mais peixes por aqui. O meio ambiente vai levar um tempo para se recuperar e nós teremos prejuízos”, disse."
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Saudades da Minha Terra
saudades da minha terra
sérgio reis
Composição: Goiás / Belmonte
De que me adianta viver na cidade
Se a felicidade não me acompanhar
Adeus, paulistinha do meu coração
Lá pro meu sertão quero voltar
Ver a madrugada, quando a passarada
Fazendo alvorada começa a cantar
Com satisfação arreio o burrão
Cortando o estradão saio a galopar
E vou escutando o gado berrando
Sabiá cantando no jequitibá
Por nossa senhora, meu sertão querido
Vivo arrependido por ter te deixado
Esta nova vida aqui na cidade
De tanta saudade, eu tenho chorado
Aqui tem alguém, diz que me quer bem
Mas não me convém, eu tenho pensado
Eu fico com pena, mas essa morena
Não sabe o sistema que eu fui criado
Tô aqui cantando, de longe escutando
Alguém está chorando com o rádio ligado
Que saudade imensa do campo e do mato
Do manso regato que corta as campinas
Aos domingos ia passear de canoa
Nas lindas lagoas de águas cristalinas
Que doce lembrança daquelas festanças
Onde tinham danças e lindas meninas
Eu vivo hoje em dia sem ter alegria
O mundo judia, mas também ensina
Estou contrariado, mas não derrotado
Eu sou bem guiado pelas mãos divinas
Pra minha mãezinha já telegrafei
E já me cansei de tanto sofrer
Nesta madrugada estarei de partida
Pra terra querida, que me viu nascer
Já ouço sonhando o galo cantando
O inhambu piando no escurecer
A lua prateada clareando a estrada
A relva molhada desde o anoitecer
Eu preciso ir pra ver tudo ali
Foi lá que nasci, lá quero morrer